sábado, 3 de junho de 2017

O Ciclo das Sombras - Cap. 1/pt. 6

Olá Queridos Leitores,

Após muito tempo,cá estou eu publicando mais uma parte do primeiro capítulo. Espero que gostem.

Cap. 1/ pt. 6

Permanecia quieta durante o trajeto de volta para casa quando uma ideia lhe surgiu de repente:
            “E se eu descesse na parada da casa e fosse dar uma voltinha só pra ver como é?”
            Parecia algo sem pé nem cabeça, mas não custava nada tentar. O máximo que iria acontecer era não passar do portão de ferro e ter de voltar para casa no próximo ônibus.
            “Vamos lá então...” — disse enquanto se levantava e acionava o sinal para descer. — “O que parece eu com esta cesta de piquenique descendo aqui nesta parada. Parece a Chapeuzinho Vermelho indo visitar o Lobo... — pensou rindo do pensamento que teve.
            Desceu na parada vazia. Olhou ao redor e não viu ninguém. Por um momento ficou indecisa, mas decidiu seguir em frente, não tinha descido do ônibus só para ter que esperar o próximo ônibus. Seria idiotice.
A cada passo que avançava, Kimberly sentia o coração acelerar. Era uma sensação muito estranha, como se ela fosse encontrar alguma coisa na casa abandonada.
Caminhou até chegar às grades de ferro. Com a mão livre, segurou a grade enferrujada como se estivesse buscando apoio para não perder o equilíbrio. Permaneceu assim por algum tempo tentando entender o porquê estava ali parada.
“Doida, doida, doida...” — pensou consigo mesma. — “O que eu estou fazendo aqui, nervosa desse jeito? É só uma casa aband...” — parou o pensamento, pois sentiu que havia algo errado ali.
Havia alguém atrás da janela do terceiro andar... a sensação de estar sendo observada ficou muito forte e Kimberly desviou o olhar da casa e olhou para a sua mão agarrada à grade de ferro.
“Preciso sair daqui...” — pensou, mas sua mão não aliviou nem um pouco o aperto na grade. Parecia ter colado a mão ali para sempre.
Tornou a olhar para a janela. Olhando mais atentamente percebeu que não havia nada além do vento brincando com as cortinas.
— Imaginação absurda — disse para si mesma.
Aos poucos, conseguiu abrir a mão e soltar a grade, mas a sensação de que estava sendo observada ainda era muito forte.
Kimberly continuou parada em frente ao portão por mais alguns minutos. Não sabia se entrava ou se ia embora. Olhou mais uma vez para a casa e depois lançou o olhar para o terreno a frente. O capim crescera e se espalhara pelo que fora antes um jardim. O caminho que levava até a entrada da casa havia desaparecido há tempos.
— Vou deixar para bancar o Indiana Jones outra hora — falou para si mesma — pode ter um bicho por aí e eu não quero me assustar mais do que já estou.
Suspirou e deu meia volta. No terceiro passo ouviu algo que fez seu sangue gelar nas veias. Parecia uma respiração. Uma respiração lenta e pesada bem atrás dela, por cima do ombro direito. A certeza de que, agora, tinha alguém ali, deixou-a paralisada de pavor. Não havia muito a fazer, ou ela se virava e verificava o que era ou então permaneceria ali por um bom tempo, até que pudesse se controlar mais.
Uma brisa suave passou por ela fazendo-a sentir um leve perfume doce amadeirado. Kimberly inspirou profundamente o perfume e pensou:
“Deus, que cheiro bom! Deve custar uma fortuna um perfume destes.”
Mal terminou de pensar isto e se assustou de novo. Se não havia ninguém por perto, como poderia haver um perfume como se realmente houvesse alguém ali, com ela?
“Chega, é agora ou nunca” — pensou virando-se bruscamente.
Não encontrou nada nem ninguém, só o portão fechado, o jardim malcuidado e o silêncio da casa.
“Eu disse que não tinha nada”— pensou suspirando aliviada. — “Estou ficando doida. Está na hora de voltar para a casa.”


Kimberly não almoçou quando chegou a casa. Estava cansada como se tivesse corrido quilômetros sem parar. Ela não imaginara que a visita a casa resultasse em um pré-ensaio de ataque cardíaco. Nunca ficara tão assustada e seu coração nunca batera tão rápido como batera quando ela podia jurar que realmente havia alguém atrás dela.
— Eu disse que tinha algo estranho na casa — falou para si mesma.
De repente, Kimberly não sabia o que fazer. Era sábado e ela não tinha plano algum. Não tinha amigos para sair, não tinha parentes para visitar, não tinha familiares para conversar... não tinha ninguém além do tio que visitava quinzenalmente. Atirou-se no sofá da sala e falou em voz alta:
—Talvez eu devesse comprar um bicho de estimação e me entreter um pouco... sair para passear com ele... levar ao veterinário... limpar a sujeira que fizer no apartamento... — parou por um momento e decidiu. — Não. Decididamente, um bicho de estimação está fora de cogitação.
Tentou se imaginar brincando com um cachorrinho. Chegou a rir da situação, mas mesmo que tivesse condições de sustentar o bichinho, não tinha paciência para cuidar dele. Seria um caos chegar todas as noites e ter de limpar a sujeira que ele faria enquanto ela estivesse fora ou ter de sair para passear mesmo em dias chuvosos e frios, porque o bichinho iria querer sair para fazer as suas necessidades. Não, realmente não era uma boa ideia.
Recostou a cabeça no sofá e fechou os olhos. A primeira imagem que lhe surgiu foi a casa: quieta, silenciosa e abandonada... Tinha que haver alguma coisa estranha com aquela casa... não era normal... Será que havia mendigos morando nela? Se houvesse, como explicar aquela sensação terrivelmente forte de que alguém estivera ali com ela? Mendigos não eram sorrateiros e, sem dúvida nenhuma, não cheiravam a perfume importado.
— Deus do céu... chega disso — falou como se estivesse conversando com alguém. — Eu estou loquiando. Isto não é normal... essa obsessão por essa casa...
Abriu os olhos e se inclinou para frente para apoiar a cabeça nas mãos. Aquilo tinha que parar, estava ficando doentio.
— Vou acabar fazendo companhia para o meu tio assim...
Balançou a cabeça como se quisesse eliminar tal pensamento. Mas o que poderia fazer? Há seis meses ela não tinha vida social. Só ia de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Não falava com mais ninguém a não ser seu tio e os colegas de trabalho, quando estava na empresa. Precisava iniciar algo diferente, não podia desperdiçar sua juventude e sua vida desse jeito. Sua família tinha morrido, mas ainda havia Douglas, e ela deveria ser forte pelos dois, principalmente quando seu tio recobrasse a razão e percebesse a verdade dos fatos. Kimberly precisava estar lá para ampará-lo.
Mas ainda assim, era esquisito. Era esquisito que uma casa pudesse chamar tanto sua atenção. Kimberly era muito racional para a maioria das coisas que lhe aconteciam, mas sabia que havia alguma coisa além do racional naquela moradia. O que acontecera pela parte da manhã não era normal. A sensação de que tinha alguém ali, observando-a, era muito palpável e ela ia sim investigar o que é que estava acontecendo. Não importava o tempo que levasse e isso era o que ela mais tinha no momento: tempo.
Sem ter o que fazer durante o resto do sábado, Kimberly arrumou a casa pela terceira vez na semana. Quando o relógio marcou vinte e duas horas, tudo já estava organizado. Não restava mais nada a não ser tomar banho e ir dormir.
Depois que deitou, Kimberly demorou a pegar no sono. Muitas imagens passavam em sua mente. A lembrança de Martin passeando com ela no shopping, a visita que fizera ao tio, a expedição doida a casa, a sensação de... Com esse pensamento, Kimberly finalmente dormiu. E sonhou.


Estava novamente parada em frente a casa. O dia estava terminando e o sol se pondo. O silêncio era esmagador e não havia ninguém pelas redondezas. Então, ela soltou a grade de ferro, virou-se e caminhou para longe, mas não pôde seguir adiante porque a mesma respiração que sentira de manhã estava ali, de novo, sobre o seu ombro direito.
Anoitecia rapidamente e a escuridão tomava conta de tudo. O medo de antes triplicara e Kimberly sentia o coração doer de tanto bater forte.
            “Não posso me virar” — pensou no sonho. — “Não estou mais corajosa como antes... vou morrer de medo.”
A presença era muito forte. Kimberly tinha certeza de que não estava sozinha.
Paralisada de pavor, Kimberly começou a ficar tonta e se deu conta de que iria desmaiar se não voltasse a respirar. Aspirou o ar com dificuldade e, quando pensou ter normalizado a respiração, sentiu o perfume doce amadeirado muito forte. Tonteou, perdeu o equilíbrio e, se não fosse pelas grades de ferro, teria caído de costas.
Suspirou aliviada e, por um momento, fechou os olhos. Mas havia algo errado ali, ela não estava apoiada no portão de ferro. De regra, portões de ferro não têm contornos humanos. Ela havia encostado-se a alguém. Alguém alto, forte e maciço como um portão de ferro. O terror que tinha se dissipado voltou com intensidade e, quando Kimberly ia juntar forças para se afastar, sentiu dois braços em torno de sua cintura e duas mãos pálidas entrelaçaram-se a sua frente, impedindo-a de se mover.
A respiração ficou mais forte em seu ouvido. Kimberly ia preparar-se para gritar quando de repente não estava mais de costas para quem quer que fosse e sim de frente. Ela girou tão rápido que fechou os olhos com força temendo ver um monstro. Os braços em torno dela estreitaram-se mais e o perfume doce invadiu seu nariz, deixando-a tonta. Lentamente, abriu os olhos e o que viu a fez perder o fôlego.
Diante dela havia um homem. Pálido e muito bonito, parecido com aqueles modelos de passarela. Seus traços eram finos e firmes ao mesmo tempo e o seu olhar fez com que Kimberly, por um momento, esquecesse quem era e onde estava. Eram verdes, mas não um verde comum. Eram verdes quase azuis e eram tão brilhantes... Kimberly sustentou o olhar e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas o som não saiu e ela começou a ofegar.
Ele a apertou mais contra os braços fortes e falou com uma voz grave e em alemão:
Gute Abend meine Liebe. (Boa noite minha querida).
Kimberly sentiu um arrepio percorrer seu corpo como uma corrente elétrica. Ele era tão lindo, não parecia real e aqueles olhos... eram hipnóticos.
“O que foi que ele disse mesmo?” — Pensou tentando organizar os pensamentos.
Mas não conseguiu. Ele sorriu para ela de um jeito enigmático, fazendo-a desfalecer em seus braços e, quando ele ia se aproximar mais dela, provavelmente para beijá-la, Kimberly viu algo que a fez arregalar os olhos. Atrás dele, abriram-se duas asas enormes de morcego e, na mesma hora, ela soube que eram dele. Gritou com todas as forças:
— Não! ─ Gritou assustada enquanto acordava e sentava-se na cama.

Até a próxima!


sexta-feira, 31 de março de 2017

O Ciclo das Sombras - Cap. 1/pt.5

Olá Leitores,

Após muito tempo sem aparecer por aqui eu volto com a continuação do Ciclo.
Boa leitura. Espero que gostem.

Cap.1/ pt.5 

Assim que se identificou ao porteiro da clínica, Kimberly atravessou o portão de grades altas que rodeava toda a casa. Era uma casa grande, quase uma mansão, toda pintada de branco e tinha um jardim enorme e muito bem cuidado. Havia alguns bancos espalhados pelo jardim no qual os pacientes ficavam sentados para receberem suas visitas ou mesmo para descansar e respirar ar puro.
Douglas estava sentado, solitário, em um banco de pedra que ficava perto de um carvalho. Era o lugar preferido do tio e Kimberly sempre ia direto ao mesmo lugar nos seis meses que se seguiram depois do ocorrido.
Caminhou lentamente até chegar perto do banco e então disse com voz suave, para não assustá-lo:
— Oi, tio. Como vai hoje?
Douglas se virou lentamente, abriu um largo sorriso e disse para a sobrinha enquanto chegava para o lado dando lugar à Kimberly.
— Estou muito bem e você, sobrinha querida?
— Vou indo... — Douglas a olhava direto nos olhos e mantinha aquele sorriso infantil nos lábios. — Bem, trouxe umas bolachinhas salgadas e bolachas recheadas de chocolate que eu sei que você gosta muito.
— Oba, então vamos comer! — Disse animado.
Ele parecia uma criança feliz quando ganhava um presente muito desejado.
— Trouxe o chá de hortelã? — Perguntou com a boca cheia de bolacha recheada.
Kimberly fez que sim com a cabeça e preparou-se para pegar a garrafa térmica.
— Xii... — disse Kimberly com as mãos na cabeça — esqueci de trazer os copos!
— Não tem problema — falou Douglas levantando-se prontamente — vou falar com a enfermeira e pedir os copos, já volto — e saiu caminhando rápido em direção à clínica.
Vendo o tio sumir dentro da casa, Kimberly balançou a cabeça tristemente. O que um acidente não fazia na vida das pessoas...
A lembrança ainda era muito forte, mesmo depois de seis meses, parecia que tinha sido ontem...


Naquele final de semana, Kimberly não pudera ir com os pais, os tios e o avô para o litoral, pois tinha um curso de design que ocuparia a sexta-feira e o sábado inteiros. Como era um curso oferecido pela empresa para especialização, ela não poderia dar-se ao luxo de faltar, então tivera de ficar de “castigo” em casa, enquanto a família ia para a praia.
A sexta-feira e o sábado passaram tranquilos e uma parte do domingo também até ela receber a ligação de um número desconhecido em seu celular.
— É a Kimberly Longaray quem fala? — Perguntou uma voz desconhecida, parecendo um pouco nervosa.
— Sim, quem está falando? — Indagou começando a ficar preocupada.
— Aqui é a enfermeira do Hospital São Lucas. Sua família sofreu um acidente na estrada.
O soco que Kimberly levou no estômago foi forte demais, quase não conseguiu respirar. Sua visão turvou um pouco e ela conseguiu balbuciar algumas palavras:
— O-onde eles est-tão? O que tenho... o que tenho que... fazer?
Em poucas palavras a enfermeira deu o endereço do hospital e pediu para que ela viesse o mais rápido possível.
Há um minuto, Kimberly estava sossegada em seu apartamento, sentada em seu sofá, olhando um filme qualquer na televisão. Agora, pegava suas coisas rapidamente colocando-as em sua bolsa para sair o mais depressa possível para o hospital, onde uma enfermeira havia lhe dito que sua família havia sofrido um acidente na estrada. A vida tinha meios para abalar uma rotina tranquila...
— Que Deus permita que dê tudo certo e que todos eles estejam bem — disse para si mesma.
Mas Deus não queria isso. Ele tinha outros planos.


— Infelizmente, Kimberly — dizia o médico — só o seu tio conseguiu sobreviver. É um milagre que Douglas tenha conseguido sair com vida. Os outros não resistiram aos ferimentos... Lamento muito — falou colocando a mão no ombro dela.
Kimberly não disse mais nada, esperou o médico se afastar e caminhou lentamente até um banco que havia no corredor. Sentou-se em silêncio e ali permaneceu por mais de uma hora. Ainda não conseguia acreditar que tal fato tinha acontecido.
“Minha mãe e meu pai de uma vez só?” — Pensou tentando controlar as lágrimas. — “E meu vô... Como será que Douglas vai ficar quando souber que a esposa dele morreu também?”
A tragédia não parava por aí, além de a família inteira ter morrido no acidente, com exceção de Douglas, a esposa dele, que falecera também, estava grávida de sete meses.
Kimberly fechou os olhos com força, tinha de ser um pesadelo, não podia ser real. Era uma notícia muito cruel para ser dada a alguém tão jovem quanto ela.
Depois de todo aquele tempo sentada sem saber o que fazer, Kimberly se dirigiu ao quarto onde Douglas estava. O tio estava fisicamente fora de perigo, tinha sofrido alguns arranhões e tinha deslocado o ombro. Quando Kimberly entrou no quarto, ele estava dormindo. Sentou-se procurando não fazer barulho ao lado da cama e ficou quieta, esperando que ele acordasse.
Não demorou muito e Douglas abriu os olhos, levando alguns segundos até que ele dirigisse o olhar para ela.
— Oi tio, como vai? — Perguntou meio sem jeito, não tinha a menor ideia do que dizer.
— Acho que vou bem... — respondeu reticente. — Como vão... como vão as coisas?
Pergunta intimadora.
Kimberly olhou para todos os cantos do quarto sem saber o que dizer ou o que fazer. Será que deveria dizer a verdade a ele?
— Eu sei o que aconteceu... eles vão ficar bem? — Indagou com um tom de esperança na voz.
— Tio, eu...eu... eu nã — ia tentar falar o que aconteceu quando uma enfermeira entrou no quarto interrompendo a conversa, para alívio de Kimberly.
Assim que a enfermeira começou a conversar com Douglas, Kimberly aproveitou para sair do quarto, iria deixar que os médicos contassem a ele. Não tinha coragem de contar que toda a família de ambos havia morrido no acidente.
Não precisou muito para saber quando Douglas ficou ciente do acontecido. Quase todo o hospital ficou sabendo. Foi logo depois que o médico entrou no quarto. Houve uma gritaria tão absurda que praticamente todos os pacientes saíram de seus quartos para ver o que é que estava acontecendo.
Douglas simplesmente não aceitou o que aconteceu e entrou em estado de choque. E, desde aquela data, ele vivia na casa de repouso que o hospital mantinha. A médica que cuidava dele dizia a Kimberly que um dia Douglas iria melhorar, bastava ter um pouco de paciência e de esperança.
“É difícil ter esperanças, quando a gente sabe que está praticamente sozinha no mundo...” — pensou Kimberly tristemente.


— Aqui estão os copos! — Gritou Douglas que acabava de chegar, tirando Kimberly de suas lembranças.
— Vamos beber nosso chá então — disse Kimberly brindando com o tio.
Enquanto bebiam o chá e comiam as bolachas, Douglas perguntou:
— Como vão as atividades na empresa?
— Vão bem, estou muito contente. O pessoal lá é super legal, pelo menos dá para eu pagar as contas do meu apartamento, né? — Disse sorrindo.
— Algum namorado em vista? — Perguntou de repente.
Kimberly quase se engasgou com o chá de hortelã. Essa era novidade, seu tio queria saber como andava sua vida amorosa.
Ela suspirou e respondeu:
— Tem um rapaz que trabalha comigo, que é muito legal. Todo mundo lá sabe que ele está super apaixonado por mim, eu sei, todos sabem, só que eu não sei se ele é a pessoa certa...
— Ora, mas você só vai saber tentando... — disse Douglas enquanto terminava de comer uma bolacha recheada. — Veja eu e sua tia, por exemplo: quando nos conhecemos, nós não sabíamos se iríamos dar certo, mas tentamos e hoje estamos super felizes... Pena que ela esteja tão longe agora...
Novamente Douglas estava usando a fuga para tentar evitar o óbvio: sua esposa nunca mais estaria com ele, ela estava morta. Kimberly sabia disso muito bem, mas entrava no jogo do tio. A médica dera essa recomendação a ela. Não adiantava nada ela ficar discutindo com o tio sobre o que era verdade ou não, o melhor era entrar no jogo dele e, quando ele estivesse melhor, aos poucos iria acabar aceitando a realidade.
— É verdade tio, mas quando as coisas melhorarem, com certeza ela voltará.
Ele dirigiu um sorriso esperançoso à sobrinha e disse:
— Pois então, quando vai me apresentar seu namorado?
Kimberly não pôde deixar de sorrir. Mal saíra uma noite com Martin e seu tio já o chamava de namorado, provavelmente, ele nem sabia o nome do “suposto” rapaz.
— Tio, você não tem jeito mesmo... eu só saí com ele uma vez... gosto dele, mas ele ainda não é meu namorado.
— Eu sei, mas é assim que as coisas começam. Ora, — disse colocando as mãos na cintura — como é que você acha que as coisas começam?
Kimberly terminou de beber o chá e respondeu enquanto olhava para uma árvore muito bonita que estava mais a frente deles:
— Eu acho que as coisas começam como mágica... com um certo encanto. Quando a gente coloca os olhos e então sente o coração bater mais forte. É como se a gente já soubesse que aquela pessoa foi feita pra gente...
Ele passou as mãos pelos cabelos e disse enquanto balançava a cabeça:
— É muito difícil acontecer alguma coisa parecida com isso... acho até que é impossível. A gente só vê isso nos contos de fada, minha sobrinha.
Essa era a opinião de Douglas, mas Kimberly sabia que, em algum lugar, isto era possível e não era somente um conto de fadas.
— Você já está com vinte e cinco anos, já está na hora de encontrar alguém legal para passear com você, para se divertir. É um programa de índio ficar visitando seu tio de quinze em quinze dias...
— Essa é boa, quem disse que é um programa de índio vir até aqui pra falar com você, quer parar com isso, tio? — Perguntou fingindo-se zangada.
— Está certo, não está mais aqui quem falou — disse abraçando-a.
Ficaram por mais uma hora e meia conversando sobre banalidades quando a enfermeira chegou.
— Bem, senhor Longaray, já está na hora de entrar... — avisou com o jeito calmo e paciente típico das enfermeiras.
Ele olhou meio tristonho para a sobrinha e disse:
— Bem, vou ficar esperando novidades daqui a quinze dias, então. Veja se dá uma chance ao rapaz... — falou sorrindo enquanto acompanhava a enfermeira.
— Tá certo tio, irei pensar no que me disse — respondeu enquanto começava a recolher e colocar as coisas de volta à cesta de piquenique.
Estava na hora de voltar para casa.



Até a próxima,


sexta-feira, 22 de julho de 2016

O Ciclo das Sombras Cap.1/ pt.4

Olá Queridos Leitores,

Estou passando por aqui para postar mais um pouco do livro.
Espero que gostem.

Cap.1/pt.4


A manhã de sábado estava fria, anunciando um tímido outono. Kimberly acordou antes de o despertador tocar. Sentou-se na cama, se espreguiçou e levantou para abrir a janela. Aspirou o ar fresco e se espreguiçou novamente.
— Bem, vamos lá então ─ disse para si mesma.
Foi para a cozinha preparar o desejum. Enquanto esperava o leite ferver, preparou algumas bolachinhas salgadas com manteiga e patê para levar para comer com Douglas. Aproveitou para pegar um pacote de bolachas recheadas de chocolate que iria levar também. Depois que o leite estava pronto, Kimberly esquentou água para fazer um chá de hortelã. Enquanto esperava a água esquentar, bebia o leite. Já tinha comido quase tudo quando a água começou a ferver. Preparou o chá e o despejou na garrafa térmica.
Deu uma olhada geral na cozinha para ver se não havia deixado nada fora do lugar. Pegou a cesta de piquenique, guardou as bolachas e a garrafa térmica. Em seguida foi para a sala, onde deixou a cesta em cima da cadeira que ficava ao lado da porta.
“Vou tomar um banho rápido e vou sair antes que comece a ficar atrasada” — pensou enquanto pegava a roupa no quarto e a levava para o banheiro.
Depois de pronta, voltou à sala, pegou as chaves do apartamento, a cesta e saiu.
Já no ônibus, Kimberly se lembrava da noite de sexta-feira que passara com Martin. Tinha sido uma noite agradável e divertida e Kimberly chegou a pensar por um momento se não estava sendo cínica consigo e com ele, não admitindo de uma vez por todas que gostava dele como amigo e colega de trabalho e não como namorado.
“Talvez eu esteja sendo dura demais comigo por não estar me dando uma chance de ser feliz. Diabos... eu tenho que voltar a viver normal!” — Pensou se ajeitando melhor no banco.
Mas ela sabia que iria ser difícil, muito difícil, ainda mais tendo que relembrar tudo de novo cada vez que ia visitar o tio na clínica de repouso um sábado sim e outro não.
“Ossos do ofício e obrigações do Destino...” — concluiu com um sorriso triste.

Estava na hora de descer.

Até a próxima,


quarta-feira, 20 de julho de 2016

O ciclo das sombras Cap. 1/ pt.3

Olá Queridos Leitores!

Depois de um ano afastada, estou de volta para continuar a publicação do livro.
A todos peço desculpas pela ausência, mas foi necessário.
Seguindo então:

Cap. 1/ pt.3

Na sexta-feira, após a jornada de trabalho, enquanto se preparavam para ir embora, Brian falava animado.
— Então tá! — Disse se despedindo de Martin e Kimberly. — A gente se fala na segunda. Não esquece dos fotolitos do cara da escola, hein? — Lembrou falando para Martin.
— Nem esquenta cara, eu não vou esquecer.
Depois que ficaram sozinhos, Martin disse para Kimberly:
— Puxa, que sexta-feira corrida essa, né?
Kimberly concordou, realmente fora um dia agitado. Quase não tivera tempo para sentar e descansar, pois os clientes não pararam de entrar e sair. Era um pouco estressante, mas isto significava que no final do mês, talvez o salário aumentasse.
— Fazia tempo que eu não trabalhava assim. Por um momento cheguei a esquecer que tínhamos marcado o cinema.
— Iria fazer essa desfeita comigo? — Perguntou em tom divertido.
— Não, não mesmo. Eu costumo cumprir com minha palavra — disse sorrindo.


No shopping, eles acabaram assistindo a um filme de terror que, na opinião de Kimberly, estava mais para comédia, mas de qualquer forma, serviu para espairecer um pouco.
— Os caras têm cada ideia... — dizia Martin sorrindo ao lembrar-se de um atropelamento que dava para perceber nitidamente a artificialidade da cena.
— É, mas de qualquer maneira, o filme estava super bom.
Caminhavam tranquilamente, lado a lado, pelos corredores do shopping. Kimberly percebia que Martin procurava uma oportunidade para pegar sua mão, mas sempre que ela podia, fugia. Gostava de Martin, mas não tinha certeza de que era a pessoa certa para começar um relacionamento sério. Aliás, ela pensava que jamais iria encontrar a pessoa certa.
Foram até a praça de alimentação e sentaram-se a uma mesa que estava em um canto um pouco afastada das demais.
— Bem, vai querer alguma coisa para comer? — Indagou Martin mostrando as variadas lojas da praça.
— Vejamos... — disse olhando em volta — acho que vou querer o de sempre, um sanduíche com suco de laranja.
Ia abrir a bolsa para pegar o dinheiro e entregar à Martin, quando ele disse com semblante zangado:
— Não mesmo! Deixa que eu pago, que é isso? Não fui eu quem convidou? Já paguei o cinema, não é? — Terminou sorrindo e se afastando da mesa.
Kimberly o observou se afastar e ir em direção à lanchonete escolhida. Sorriu sozinha, Martin seria um bom namorado, mas ela sentia que faltava ainda alguma coisa nele para despertar o que ela chamava de “paixão repentina”.
“Que será que falta nele?” — Pensou enquanto apoiava o queixo nas mãos.
Alguns minutos depois, Martin voltava para a mesa com os lanches. Enquanto comiam, ele perguntou:
— Vai visitar o seu tio amanhã?
Ela terminou de comer uma batata-frita e respondeu:
— Vou sim. Já era para ter ido à semana passada e eu não fui. Ele deve estar com saudades de mim.
Martin ajeitou os cabelos e falou um pouco sem jeito:
— Gostaria que eu fosse junto? Vou estar com o carro do velho nesse findi, eu poderia levar você...
— Olha Martin, agradeço muito tudo o que está fazendo por mim, mas ainda assim prefiro ir sozinha. Sei lá... Douglas ainda está meio perdido com o acontecimento e não sei se não ia ficar mais perdido com você junto. Entenda, quando ele melhorar, eu levo você lá. Pode ser?
Ele sorriu e disse pegando a mão dela sobre a mesa:
— Claro que sim, nem esquenta.

Bem, por hoje é só.
Espero estar aqui na semana que vem com a continuação.



segunda-feira, 30 de março de 2015

O ciclo das sombras Cap. 1/ pt. 2

Olá Queridos Leitores!!

Como prometido aqui estou eu novamente para postar mais uma parte do livro.
Espero que estejam gostando.

Acordou às seis e meia, como de costume, arrumou-se e saiu para a parada do ônibus. Faltavam ainda alguns minutos para passar o próximo ônibus. Enquanto esperava, pensava:
“Mas que viagem... todas as casas tinham foto, por que justamente a que eu queria não tinha? Nem deveriam ter colocado o link da foto então...”
Quando se deu conta, o ônibus já estava na parada. Assustou-se pela falta de atenção. Estivera tão distraída pensando na casa que nem percebeu o ônibus chegar.
“Ainda bem que era um ônibus e não um assaltante” — concluiu enquanto embarcava no coletivo.


— Bom dia pessoal — cumprimentou quando entrou na sala.
— Bom dia, Kim — responderam Brian e Penélope juntos.
Kimberly sentou-se em sua mesa e começou a olhar as tarefas que tinha para fazer naquele dia.
— Ah, sim — disse Brian de repente. — Nós cinco vamos sair para beber alguma coisa depois do expediente, quer vir conosco Kim?
— Vão aonde? — Perguntou enquanto organizava alguns papéis.
— Naquele barzinho maneiro que tem perto do posto de gasolina — respondeu Penélope.
Kimberly parou o que estava fazendo e perguntou:
— Que posto? Onde é esse barzinho, estou completamente perdida...
— Sabe aquele posto que fica há umas cinco paradas aqui da empresa? Bem na avenida?
Alguns segundos depois, Kimberly sabia perfeitamente qual era o barzinho.
— Ah sim, o barzinho que fica no lado oposto da casa! — Exclamou involuntariamente.
— Que casa?
Depois que Brian fez a pergunta, Kimberly se deu conta de que tinha falado da casa em voz alta. Nenhum dos seus colegas sabia de seu interesse pela moradia.
— Casa? Nenhuma casa. Estou viajando... — fez uma pausa e disse para mudar de assunto. — Bem... e por que não? — Respondeu sorrindo. Assim, teria uma oportunidade de ver a casa mais de perto. — “E de fazer alguma coisa diferente para mudar a rotina...” — concluiu com um leve suspiro.


Quando o relógio marcou quatorze horas, a senhorita Dvenau chegou. Era uma loira afetada, metida à patricinha e muito arrogante. Kimberly a detestava, mas tinha que tratá-la bem, afinal, o pai dela era um dos melhores clientes que a Arts Designer tinha. Kimberly a recebeu na sala de reuniões da empresa.
— Boa tarde, senhorita Dvenau.  Sente-se — disse indicando uma cadeira.
— Boa tarde — respondeu com o nariz empinado. — Não quero ser grosseira com você, — começou em tom impertinente — mas meu pai nã...
— Eu sei o que vai dizer — interrompeu Kimberly secamente. — Seu pai não vai gostar do trabalho que estamos fazendo. Mas devo lembrá-la de que lhe mostramos a prova do convite umas três vezes e em todas às vezes a senhorita achou uma maravilha. Porém, após certo tempo, você nos ligou e disse que não foi a fonte que você escolheu que nós utilizamos.
A senhorita Dvenau ia abrir a boca para dizer alguma coisa, mas Kimberly a interrompeu.
— Não sei se a senhorita se deu conta, mas seu casamento está quase chegando e nossa equipe tem o prazo de entregar esses convites prontos e perfeitos até o final da semana que vem. E, como eu sei que a senhorita tem um gosto refinado, então é claro que vai querer qualidade 100% em seus convites, mas para isso, eu preciso que a senhorita se decida de uma vez por todas.
Mais uma vez a senhorita Dvenau iria falar alguma coisa, mas Kimberly se adiantou.
— Eu fiquei pensando durante o dia de ontem sobre o seu convite e achei ideal que ele fosse assim, que acha? — Perguntou enquanto levantava-se da cadeira e virava o notebook para a senhorita Dvenau poder acompanhar o que seria alterado. Em seguida, começou a fazer as mudanças no convite.
A senhorita Dvenau não abriu mais a boca, apenas ficou olhando Kimberly fazer as modificações.
— Fiquei pensando que a fonte realmente não está apropriada para uma festa de sua categoria, então achei melhor colocar a fonte Alexei Copperplate. No lugar dessas pombinhas, umas flores bem delicadas como esses lírios, por exemplo, fica muito mais romântico e digno de uma senhorita distinta e refinada — quando disse isso, Kimberly sufocou um sorriso, pois sabia que de distinta e refinada a senhorita Dvenau não tinha nada. Já ouvira algumas fofocas de alguns flagras dela com alguns rapazes, que na certa não eram o seu noivo.
Passados quinze minutos, o convite estava totalmente reformulado.
— Pronto, é assim que o seu convite vai ficar definitivamente — falou Kimberly enfatizando a palavra “definitivamente”.
A senhorita Devnau ficou olhando para a tela do notebook por alguns segundos antes de falar:
— Ficou realmente bom. Muito bom mesmo.
— É claro que ficou bom, — assegurou Kimberly com firmeza — não teria como não ficar, sendo feito por uma designer da Arts Designer. E digo, senhorita Dvenau: é bom para nós, e principalmente para você, que esse seja o último modelo de convite, porque nós temos prazos a cumprir e mesmo assim, porque o pessoal pode começar a achar que a senhorita está usando os convites como desculpa para adiar seu casamento, não é mesmo?
Os olhos verdes da senhorita Dvenau arregalaram-se, mas ela nada disse. Todos sabiam que ela estava se casando por interesse e não por amor.
— Estamos combinadas então, senhorita Dvenau? — Indagou Kimberly estendendo a mão para a jovem.
— Cl-claro — gaguejou a outra. — Está aprovado, pode mandar fazer os convites — respondeu apertando a mão de Kimberly.
— Então está bem. Gosto muito quando os clientes da Arts Designer saem satisfeitos.


Mais tarde, depois do expediente, enquanto se encontravam no lugar marcado, Brian exclamava impressionado.
— Não acredito que você fez isso! — Exclamou, enquanto tomava um gole de cerveja.
— Claro que fiz. O que mais queria que eu fizesse? A criatura não se decidia nunca! E ninguém aqui é trouxa que não saiba que ela não está nem um pouquinho feliz em se casar.
— É, mas e se ela falar o que aconteceu para o pai dela? — Perguntou Martin, outro colega de trabalho de Kimberly.
— Acha que ela vai abrir a boca? Seria uma vergonha para ela... — respondeu enquanto tomava um gole de cerveja.
A noite estava muito agradável, uma perfeita noite de terça-feira. Kimberly adorava quando saía à noite e podia sentir a brisa noturna.
            — Hum... dá para ver que você está muito bem, Kim — comentou Cristiano. 
            — É verdade, — falou enquanto espetava uma batata-frita — estou conseguindo superar isso de uma forma legal.
            — Você é muito guerreira, sabia Kim? — Comentou Evelin.
            — A gente faz o que pode — respondeu sorrindo.
            Comeram e beberam sem nada dizer, quando o silêncio começou a ficar pesado, Martin retomou o assunto.
            — Puxa, eu e os caras aqui — referiu-se a Evelin e Cristiano — achamos muito legal a atitude que teve com a Dvenau. Ninguém iria fazer melhor do que você, Kim.
            Kimberly balançou a cabeça e respondeu:
            — Não fiz nada de extraordinário, apenas fiz aquela loira burra entender que não pode ficar brincando conosco. Puxa, nós não somos como os “amiguinhos” dela, a gente trabalha duro para fazer as coisas com a melhor qualidade possível. O fato do pai dela estar toda a hora na empresa não justifica a arrogância dela.
            — É verdade — concordou Cristiano.
            Evelin e Penélope começaram a conversar sobre uma bolsa que Evelin tinha visto em uma loja do shopping, os rapazes começaram um assunto sobre a última partida de futebol do time de Cristiano e Kimberly virou a cabeça lentamente em direção a casa.
            “Quem será que morou naquela casa? E por que será que quer vender?” — Pensava absorta em seus pensamentos.
— Pois é, com uma colega de trabalho tão desligada desse jeito, eu sempre acabo falando sozinho... — a voz de Martin interrompeu seus pensamentos.
            — Que foi que você disse, Martin? — Perguntou Kimberly voltando à realidade.
            — Bah, cara... esquece. Não vai conseguir nada com a Kim desse jeito — disse Brian sorrindo.
            Kimberly sacudiu a cabeça e disse se desculpando:
            — Desculpa Martin, ando meio desligada. Não faça caso, eu já aterrisei.
            Martin bebeu um gole de cerveja e disse:
            — Bem, eu estava te convidando para sair comigo nessa sexta-feira, para irmos ao cinema.
            Ela pensou por um momento e respondeu em seguida:
            — Vamos sim, por que não?
            Os demais colegas ficaram quietos. Todos ali sabiam que Martin nutria um sentimento muito especial por Kimberly e que fazia de tudo para que ela ficasse com ele.
            — Só por favor, — começou Kimberly — não vamos ver nenhum filme maluco de guerra e nem de comédia, está bem?
            Ele sorriu, pegou a mão dela e respondeu:
            — Veremos o filme que você achar melhor. Você escolhe.
            — Hum... daqui a pouco nós vamos ter de fazer os convites de casamento desses dois, hein ? — Disse Penélope sorrindo.
            Pela expressão de Martin, estava claro que era isso que ele queria, mas não era isso que Kimberly demonstrou quando disse:
            — Acho que está meio cedo para a gente falar disso, né? — Disse delicadamente enquanto retirava a mão.
            Ela ia olhar para as unhas quando algo chamou sua atenção. Rapidamente virou o rosto em direção a casa. Tivera a nítida impressão que uma luz havia se acendido lá dentro.
            — Que foi, Kim? — Indagou Evelin.
            — Nada, não foi nada.
            Antes que mais um silêncio caísse sobre os seis, Cristiano disse:
            — Gente, nós precisamos sair mais, que acham?
            — Eu concordo — respondeu Evelin chegando mais perto dele. — A gente tem trabalhado demais e se divertido de menos. Puxa, somos novos, não é? O que vamos fazer depois que ficarmos velhos?
            — Eu vou fumar charuto e ouvir música clássica — respondeu Brian enquanto espetava uma batata-frita.
            — Acho que vou me dedicar ao ócio — disse Penélope.
            — Talvez eu e a Evelin estejamos cheios de netinhos... — disse Cristiano olhando para Evelin e a abraçando.
            Depois da declaração todos aplaudiram o que Cristiano disse e então Brian falou:
            — Puxa, depois dessa nem precisa dizer mais nada, hein? Acho que vai ser o casamento de vocês que a gente vai fazer os convites — fez uma breve pausa e perguntou. — E você, Kim, vai fazer o que quando ficar velhinha?
            Kimberly olhou para o céu estrelado e, depois de alguns segundos, respondeu de forma vaga.
            — Talvez eu não fique velha...
            — Boa resposta essa, hein? — Comentou Evelin. — Vai se matar fazendo plástica é? Para não ficar velha?
            — Não, não necessariamente isso — respondeu terminando de beber a cerveja. — Talvez eu não esteja mais viva até ficar velha... a gente nunca sabe o dia de amanhã...
            Todos ficaram quietos e ninguém ousou abrir a boca para rebater. Sabiam por que Kimberly agia daquela maneira de vez em quando, por isso a respeitavam.
            — Bem galera, tá na hora de ir embora, a gente tem que trabalhar amanhã, se lembram? — Comunicou Brian enquanto se arrumava para ir embora.
            — Puxa, é mesmo. Já são quase onze da noite! — Anunciou Evelin.
            Pediram a conta, quando esta chegou, dividiram e pagaram ao garçom. Kimberly estava colocando o casaquinho quando Martin disse:
            — Posso levar você em casa?
            Ela olhou para os olhos castanhos dele e respondeu:
            — Me leva sim, vou gostar muito.
            Os outros se arrumaram e, depois de se despedirem, tomaram rumos diferentes.
            No caminho para casa, Kimberly não falou muito com Martin, mas podia sentir que ele a olhava com atenção.
            “Poderia dar uma chance a ele...” — pensou enquanto chegava mais perto dele.
            Depois de terem descido do ônibus, Martin e Kimberly caminhavam devagar pela rua quase deserta.
            — Embora eu não trabalhe na mesma sala que você — começou Martin, meio tímido — acho que você é uma ótima profissional.
            Kimberly riu do elogio e disse:
            — Está dizendo isso para me agradar, né?
            — Não, estou falando sério mesmo. Já trabalhei em outras empresas e confesso que não vi ninguém da sua idade trabalhar como você. Parece até que você trabalha há muitos anos.
            — Bem, — ela respondeu sorrindo — trabalho na Arts Design há cinco anos, imagino que seja um bom tempo...
            Quando estavam se aproximando do prédio, Kimberly pegou as chaves na bolsa e respondeu subindo o degrau para entrar.
            — E, além do mais, é o que me resta, Martin. Tenho que me dedicar ao trabalho... não tenho mais nada, é o que sobrou.
            Ela ia colocar a chave no portão quando ele perguntou:
            — E o amor, Kim? Não tem mais lugar para ele, nem depois do que aconteceu?
            Ela suspirou, olhou bem nos olhos dele e disse:
            — Tem sim, Martin. Tem um lugar, mas talvez eu precise de mais um tempo para deixar um lugar reservado para ele, que acha?
            Ele não respondeu nada, se aproximou, passou a mão pelos longos cabelos pretos dela e a trouxe para perto de si. Abraçou-a com força. Gostaria de poder ficar com ela, de poder consolá-la, mas só podia fazer isso se ela mesma quisesse e se permitisse. Ergueu seu rosto e a beijou delicadamente nos lábios. Kimberly não ofereceu resistência, porque esperava por isso há alguns dias e sabia que, mais cedo ou mais tarde isso iria acabar acontecendo.
            — Bem, me avise então quando reservar um lugar para o amor — disse Martin com um sorriso afastando-se dela.
            — Pode ter certeza de que será o primeiro, a saber — retribuiu o sorriso e disse enquanto o olhava se distanciar. — Se cuida!


            “Eu não aprendo nunca...” — pensou Kimberly enquanto desligava a televisão — “é óbvio que não vai ter nada de legal na televisão, nunca teve...”
            Largou o controle remoto na mesa e ficou olhando para um ponto vazio a sua frente.
            Tinha total certeza de que vira uma luz se acender e apagar naquela casa ou estava vendo coisas?
            — Mas como pode ter alguém morando naquela casa se ela está vazia para vender? Será que é algum indigente? — Especulou consigo mesma.
            Levantou da cadeira e caminhou até a janela. A noite estava muito bonita e silenciosa. Já passava da meia noite, mas Kimberly não conseguia pegar no sono. A impressão de ter visto um resquício de movimento na casa a deixava intrigada.
            “A maioria das pessoas deve estar dormindo, calma e tranquilamente em suas camas... e eles também devem estar dormindo, dormindo um sono profundo e eterno...” — pensou enquanto deixava as lágrimas correrem livres pelo rosto...


Até a semana que vem,


domingo, 22 de março de 2015

O Ciclo das Sombras cap. 1/ pt.1

Olá Queridos Leitores!!

Depois de muito tempo sem postar, aqui estou eu.
Para aproveitar o retorno, decidi fazer uma coisa: se ainda tem alguém que acompanha o blog, a partir dessa semana, vou postar um pouquinho do Ciclo das Sombras ( o livro todo) assim, quem não leu tem a oportunidade de ler.
Mas já aviso aos navegantes: O LIVRO JÁ ESTÁ REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL!!
Por isso não venham com a ideia de copiar a história e dizer que é sua. Abaixo seguem as informações referentes ao registro na Biblioteca.


Certificado de Registro ou Averbação. Meu primeiro livro está registrado sob os números: 515.632, Livro 978, Folha 8, 515.662, Livro 978, Folha 38 e 515.663, Livro 978, Folha 39. Da Biblioteca Nacional.



Michele Irigaray



O Ciclo das
Sombras

Início

1ª Edição




I68c    Irigaray, Michele 
                                                     O ciclo das sombras: início / Michele Irigaray. — Porto Alegre: Universo, 2010.
                     206 p.
     
       1. Romance   2. Vampiros – ficção   3. Literatura brasileira          I. Título
       
                                                           CDU : 82-31

    Bibliotecária responsável: Michele Irigaray Moisés Pedreira CRB/10-1832





Dedicatória



Dedico esta história às duas pessoas mais importantes da minha vida: meu marido Alexandre, por tornar o meu sonho realidade e meu filho Lucius, razão da minha vida, que vai conhecer a Kimberly e o Ulrich quando for maior.




Agradecimentos

Agradeço a todos aqueles que acompanharam o desenvolver da história de amor de Ulrich e Kimberly e deram o maior apoio para a história ficar pronta. Valeu pessoas!
Também quero agradecer ao Bibliotecário do Goethe Institut pela grande ajuda na revisão do idioma mais bonito de todos (para mim): o alemão.

                                                                           



O ciclo

O ciclo sem fim
Inicia, finda e torna a iniciar
Quando é que nessas voltas
Nós vamos nos encontrar?
O ciclo não espera,
Não se apieda de nós
Temos de acompanhá-lo
Antes que seja tarde demais
Nessas voltas,
Não me abandone e não me deixe só
Siga ao meu lado pela eternidade que temos
Seja meu companheiro, meu caminho
Minha salvação,
A verdade, a escolha do meu coração
Seja forte o bastante para comigo estar
Quando o ciclo recomeçar...



Michele Irigaray
30/08/2009





SUMÁRIO


Capítulo 1 ─ O ciclo sem fim .............................................  7
Capítulo 2 ─ Início, fim e recomeço ..................................  39
Capítulo 3 ─ Encontro .......................................................  77
Capítulo 4 ─ O começo do ciclo ........................................  101
Capítulo 5 ─ O caminho traçado ........................................  125
Capítulo 6 ─ O movimento do Destino .............................  141
Capítulo 7 ─ Sentimentos entrelaçados .............................  159
Capítulo 8 ─ Na escuridão da noite ...................................  174
Capítulo 9 ─ Direções opostas ...........................................  191








CAPÍTULO 1

O ciclo sem fim


            Era para ter sido assim. Tinha de ter sido assim, não havia nada que pudesse fazer para mudar. O Destino havia escolhido por ela. Era a sua sina...
            Kimberly pensava isso todos os dias quando acordava para ir ao trabalho. Nada muito diferente acontecia em sua vida desde que acabara a Faculdade de Design e conseguira o emprego na Arts Design. Era uma empresa muito bem conceituada no mercado e lhe rendia um bom salário no final do mês. Realmente muito bom. Bom o suficiente para pagar todas as contas do apartamento onde morava sozinha e ainda sobrar para se dar ao luxo de gastar em bobagens.
            “É...” — pensava enquanto ia de ônibus para a empresa — “para alguém com vinte e cinco anos está muito bom, muito bom mesmo. Um monte de gente gostaria de estar em meu lugar.” — Concluía, mas não com muito ânimo, pois ainda faltava alguma coisa, mas não sabia o que era.
            “E lá vamos nós... passar pela casa misteriosa de novo” — pensou enquanto olhava pelo vidro do ônibus e virava o pescoço até onde conseguia.
            A casa ficava situada bem à vista na avenida onde Kimberly passava todos os dias de ônibus. Era uma casa de três andares, estilo cabana, relativamente grande. Estava desocupada para vender.
            “A criatura que quer vender essa casa precisava fazer uma reforma antes...” — pensou voltando o corpo à posição normal.
            Kimberly adorava a casa. Não sabia o motivo, mas havia algo que a fascinava. O local onde a casa ficava também contribuía para aumentar o clima de mistério, pois ficava afastada das demais moradias. Era como se a vizinhança quisesse manter uma distância bastante significativa dela. As únicas coisas que existiam por perto eram alguns pinheiros e uma figueira muito velha que ocupava uma grande área do terreno, no qual uns poucos capins cresciam perto de suas raízes. Mais adiante, havia uma igreja simples que estava sempre aberta, mas vazia na maioria das vezes, exceto aos domingos, em função da missa das dezoito horas.
            “Duvido que alguém queira comprar uma casa dessas...” — concluiu enquanto levantava-se para descer do ônibus.


            — E aí, colega! — Gritou Brian quando viu Kimberly passar pela recepção da empresa. — O chefe está louco conosco!
            — Que foi que disse? — Indagou sem entender nada.
            Brian correu até Kimberly e disse ajudando a segurar os livros que ela carregava.
            — Isso mesmo que você ouviu. O chefe quer dar uma olhada detalhada no convite de casamento que fizemos para aquela madame. Ela ligou para ele reclamando que colocamos a fonte errada.
            Kimberly franziu o cenho e disse enquanto entrava no elevador.
            — Não dá pra acreditar, a gente mostrou pra ela como é que ia ficar antes de tomar qualquer decisão e ela aceitou!
            — Pois então, — disse Brian saindo do elevador na frente de Kimberly — eu disse isso pro “adorado chefe” e ele falou a mesma frase de sempre.
            — O cliente tem sempre razão! — Disseram Kimberly e Brian ao mesmo tempo e, em seguida, começaram a rir.
            Caminharam até a sala onde trabalhavam e, nem bem sentaram em seus lugares, Penélope entrou agitada com cara de assombro.
            — Já contaram a novidade? — Indagou a Kimberly. — Ninguém merece.
            Kimberly passou a mão pelos longos cabelos pretos e disse:
            — Bem, vamos falar com o chefe e ver o que é que o cliente está reclamando então.
            — Pior, essas dondocas que se acham as tais são uma ameaça para designers como nós — falou Brian em tom cômico.
            — Vamos lá então — disse Kimberly suspirando.


            Quando chegaram à sala de Vilton, ele disse:
— A senhorita Dvenau disse que a fonte está completamente errada — comunicou estressado. — Ela quer Nuptial e não Amazone BT! Será que é tão difícil assim? É só uma fontezinha de nada!
            — Até pode ser uma fontezinha de nada, mas ela adorou quando viu a prova do convite escrito com a Amazone! — Disse Penélope em tom alterado.
            — Eu não sei chefe, — começou Brian — mas esse pessoal ultimamente anda mais perdido do que cego em tiroteio. Não consigo entender, ela tinha A-DO-RA-DO a fonte! Disse-nos que nunca vira convite tão lindo!
            — É, — concordou Vilton — vai ver que ela viu outro convite em outro lugar e resolveu mudar.
            Como ninguém disse mais nada, Kimberly concluiu:
            — Se essa senhorita Dvenau continuar assim até o dia do casamento vai acabar ficando com um convite que não tem nada a ver com o que ela queria originalmente. Essa já é a terceira vez que a gente muda a droga da fonte. Quer dizer, a mulher não sabe o que quer e parece que é a gente que não sabe trabalhar. Eu não fiquei quatro anos na faculdade para ficar me estressando com esse tipo de cliente. Não mesmo, ninguém merece! — Disse e saiu da sala do chefe, batendo a porta atrás de si.
            “Realmente esse não era um dia para sair da cama”— pensou enquanto sentava-se à mesa de trabalho e apoiava a cabeça nas mãos.
            Alguns minutos depois, Brian e Penélope entraram na sala com cara de poucos amigos. Sentaram em suas respectivas mesas e permaneceram calados por algum tempo.
            — E aí? — Indagou Kimberly.
            — Vamos ter de ligar para a madame e perguntar a ela o que quer afinal de contas — respondeu Brian e ficou olhando para ela.
            Kimberly retribuiu o olhar e fez um gesto de quem pergunta: “Sim, e daí? O que é que eu faço?”
            O silêncio seguiu-se e ela deduziu:
            — Certo, ligarei para a “senhorita não-sei” e vou ver o que posso fazer. A única coisa que eu sei é que temos de entregar esses malditos convites para o final da semana que vem. Ou ela se decide dessa vez, ou então vamos entregar qualquer coisa.
            — É. Só que ela é filha do cara que mais faz trabalhos aqui conosco... — lembrou Penélope.
            Kimberly assentiu com a cabeça e suspirou. Era verdade, não dava para tratar a senhorita Dvenau rudemente, caso contrário, ela iria dar queixa ao pai e, provavelmente, o resultado disso seria um rebaixamento em seus salários.
            Respirando fundo, Kimberly pegou o caderninho de telefones dos clientes que estava em sua mesa e procurou o telefone da senhorita Dvenau, discou o número e aguardou por algum tempo.
            — Alô, eu poderia falar com a senhorita Dvenau, por favor?
            Mais alguns minutos de espera e alguém atendeu o telefone.
            — Bom dia senhorita Dvenau, aqui é Kimberly Longaray da Arts Design. Gostaria de marcar uma hora com você para discutirmos, afinal de contas, qual será a fonte usada em seu digníssimo convite de casamento — falou a palavra digníssimo gesticulando afetadamente fazendo com que Brian e Penélope contivessem o riso.
            Segundos depois:
            — Perfeito, então amanhã às duas da tarde eu aguardo a senhorita. Muito obrigada e tenha um bom dia.
            Depois de pôr o fone no gancho, olhou para os colegas e disse:
            — Amanhã ela não me escapa. Vai ver o que é que é um verdadeiro trabalho de design.
            Brian e Penélope se olharam e ninguém disse mais nada. Quando Kimberly falava assim, então o problema estava resolvido.
O resto do dia foi tranquilo. Não houve mais nenhum tipo de reclamação de nenhum cliente. Kimberly ficava feliz quando isso acontecia, pois gostava quando recebia elogios sobre seus trabalhos. Sentia-se útil e sabia que alguém valorizava o que ela mais gostava de fazer: criar.


A volta para casa foi calma, Kimberly sentia-se um pouco cansada, o que não era normal para uma segunda-feira, mas atribuía tal fato ao pequeno probleminha que havia acontecido com relação ao convite de casamento. Porém, tal fato não a incomodava, tinha um plano em mente e queria ver a expressão no rosto da senhorita Dvenau quando visse o que ela faria.
“E lá vamos nós de novo” — pensou enquanto virava o rosto para olhar a casa abandonada. — “Boa noite casinha e até amanhã” — cumprimentou Kimberly sorrindo e voltando a olhar para frente.
Quando chegou a casa, atirou a bolsa em cima de uma cadeira que havia ao lado da porta. Caminhou até o quarto e tirou os sapatos, em seguida foi para o banheiro onde prendeu os cabelos em um coque e abriu o chuveiro. Tirou a roupa, jogou-a no cesto de roupa suja e entrou debaixo da água quente. Enquanto tomava banho, refletia sobre o dia que tinha tido. Era tão normal e sem graça... Se não fosse por seus colegas de trabalho tudo seria uma monotonia insuportável. Fazia sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito. Não havia novidades, mudanças em sua vida.
— Aliás, — começou falando para si — nunca mais houve novidades depois daquilo...
Fechou os olhos com força para evitar o choro, mas era impossível. Ainda era muito recente e ela não conseguia se controlar. Chorou como sempre chorava quando se lembrava do que havia acontecido, era cruel demais, triste demais.
Após dez minutos embaixo da água quente, Kimberly saiu do box e pegou a primeira toalha que estava ao alcance, enxugou-se e voltou ao quarto. Abriu a porta do guarda-roupa e tirou uma camisola preta, vestiu-a e, depois de pentear os cabelos, foi para a cozinha preparar um lanche. Enquanto esquentava o leite, ligou o aparelho de som e colocou seu cd preferido para ouvir. Ficou cantando junto com a música enquanto esperava o leite ferver. Assim que ferveu, preparou o achocolatado e um sanduíche e foi para a sala. Comeu em silêncio e de repente lhe veio à mente uma ideia. Poderia parecer obsessão, mas não custava tentar. Após ter terminado de comer, levou a louça suja para a pia e encaminhou-se até o computador, ligou-o e conectou-se à Internet. Precisava fazer uma busca.
Acessou um site de busca e digitou JANES IMOBILIÁRIA. O resultado da busca deu nulo, mas Kimberly não desistiu, tentou novamente: ADMINISTRAÇÃO JANES. Novamente o vazio.
— Mas que droga! — Falou sozinha. — Que porcaria... deve haver um site dessa imobiliária! Tem que ter um!
Cruzou os braços e ficou séria olhando para a tela do computador. Tentava imaginar qual seria o site da imobiliária que estava vendendo a casa.
— Vamos pelo jeito mais difícil então... — suspirou e em seguida digitou IMOBILIÁRIA.
A lista de imobiliárias que apareceu no resultado da busca foi assustador, mas quando Kimberly colocava uma ideia na cabeça, não descansava enquanto não conseguia resolver o problema.
 Olhou site por site sem achar o que queria. Já estava ficando chata a tal busca que resolvera fazer, mas ainda tinha esperanças de que conseguiria atingir seu objetivo.
Foi depois da décima página, quando estava começando a desistir da ideia idiota que tivera que encontrou o que procurava: IMÓVEIS E LOCAÇÕES JANES LTDA. Seu coração quase parou de contentamento. Imediatamente clicou no link em que dizia VENDAS. Em seguida abriu uma janela com o endereço de vários imóveis para vender e selecionou apenas casas. Depois de alguns segundos apareceu na tela uma lista de casas que a imobiliária tinha para vender. Ao lado do endereço das casas havia um ícone de uma máquina fotográfica que indicava que havia fotos disponíveis do imóvel para ver. Passou os olhos por muitas casas até finalmente encontrar a que procurava.
— Já não era sem tempo! — Exclamou um pouco mais animada. — Vamos ver então como é a casa por dentro. Espero que não seja tão malcuidada por dentro quanto é por fora.
Clicou no ícone da máquina fotográfica e uma mensagem apareceu na tela: IMAGEM NÃO DISPONÍVEL.
— Mas que diabos! — Praguejou batendo com a mão na escrivaninha e tamborilando os dedos nela. — Ninguém merece, perdi mais de uma hora tentando achar esta porcaria, quando encontro, a foto não está disponível. Brincadeira!
Resolveu desligar o computador, seu plano havia falhado.

Sem alternativas, voltou para a cozinha, preparou mais um achocolatado e depois foi lavar a louça. Tinha que deixar a casa em ordem para o dia seguinte, porque se ela não limpasse ninguém mais o faria.



Bem, por hoje era isso. Espero que tenham gostado. Semana que vem tem mais.
Abraços e até a próxima!





terça-feira, 16 de setembro de 2014

2014

Olá queridos Leitores,



Esta é a primeira postagem de 2014. Gostaria que fosse uma postagem mais feliz, mas é apenas mais uma postagem comum. Desejo a todos que continuem lendo sempre e, sempre que puderem, que lembrem da Kim e do Ulim afinal eles são os grandes responsáveis por este blog.
Queria aproveitar para comunicar que estou escrevendo de Canasvieiras, já que estou de férias (aleluia). Depois de amanhã retorno a Porto Alegre, mas de certa forma estou feliz em poder ver a Ilha do Francês (ilha que inspirou meu livro A Ilha) todos os dias. Imaginar a família de Christopher de novo tem sido uma experiência muito boa. Acho que isso me motiva e me inspira mais a terminar de escrever a história.


 
 
 
Abraços a todos,