Olá Leitores, tudo bem?
Achei interessante postar um comentário que eu li em um blog sobre o livro A Senhora do Jogo, do Sidney Sheldon. O cara explicou tão bem que eu quase não tenho nada para escrever.
Vamos ler?
Foi duro terminar
de ler o livro “A Senhora do Jogo”. Nunca pensei que um dia
poderia escrever ou dizer algo assim de uma obra de Sidney Sheldon.
O que me deixa um pouco mais aliviado é saber que este livro não
foi escrito por Sheldon, mas sim por uma escritora – Pelo menos,
ainda desconhecida – que com o apoio da viúva do autor e de uma
de suas filhas recebeu sinal verde para criar a sequência do livro
que para muitos é considerado a grande obra prima de Sheldon: “O
Reverso da Medalha”.
Tilly Bagshawe.
Esse é nome da felizarda que foi convidada pelas herdeiras de
Sheldon a dar continuidade ao legado do grande escritor, um dos mais
lidos em todo o mundo. E na minha opinião, a sua estreia nessa
importante missão não foi feliz. Me perdoem aqueles que gostaram
do livro, que o acharam genial; penso bem diferente. Sinto dizer,
mas a continuação de “O Reverso da Medalha” foi um grande
desastre.
“A Senhora do
Jogo” conta a história dos herdeiros jovens de Kate Blackwell: os
primos Max Webster e Lexi Templeton. O primeiro, filho da diabólica
Eve Blackwell e a segunda, filha da meiga, doce e também ingênua
Alexandra Blackwell, ambas netas da poderosa Kate, heroína de “O
Reverso da Medalha”, criadora do império multinacional
Krueger-Brent. Em resumo, a obra escrita por Bagshawe, conta o
embate de Max e Lexi em assumir o controle da Krueger-Brent nem que
para isso tenham de chegar as últimas consequências, até mesmo
matar. O leitor vai encontrar ainda outros personagens coadjuvantes,
como Robbie, o irmão de Lex, um pianista talentoso e revoltado que
faz de sua vida uma verdadeira roleta russa; a maldosa Eve, a mãe
dominadora de Max; o atormentado Dr. Peter Templeton, pai de Lexi,
que ama a filha, atendendo todos os seus caprichos, mas menospreza o
filho Robbie, praticamente ignorando-o; o enigmático Gabriel
McGregor, descendente do avô de Kate, além de outros.
Você que ainda
não leu o livro deve estar pensando neste momento: “poxa vida,
com esses personagens e com o fio narrativo de “O Reverso da
Medalha”, Tilly Bagshawe escreveu uma verdadeira saga dos
descendentes de Kate Blackwell. Errado... Infelizmente, ela não
acertou a mão.
Vamos aos pontos
negativos da obra. O excesso de sexo – e daqueles bem grosseiros -
seria o primeiro deles. Vejam bem, não sou nenhum santo ou defensor
da “liga dos celibatários da justiça”, mas confesso que fiquei
incomodado com tanto sexo nas páginas de “A Senhora do Jogo”.
Toda vez que um personagem era apresentado, pronto! Lá vinha o
fulano ou ciclana indo para a cama com beltrano. Na hora de
descrever detalhes sobre a personalidade de determinados
personagens, novamente o “Sr. Sexo” entrava em ação. Algumas
vezes tive a impressão de estar lendo aquelas revistinhas de
sacanagem bem ralés. Isso fica evidente no momento que a
autora apresenta um Robbie em total conflito com a sua sexualidade.
Tudo bem, que Tilly optou por transformar o irmão de Lexi em
homossexual; acho que essa decisão deixou o personagem até mais
interessante para o leitor, além de ganhar novos elementos para
explorar a relação conflituosa e destrutiva entre Robbie e o seu
pai ultra-conservador, Peter Templeton; mas não havia necessidade
de abusar de algumas expressões vulgares.
Quando Lexi é
humilhada por Max durante uma reunião de acionistas na sede da
Krueger Brent, onde ele exibe um vídeo com cenas nada discretas da
prima, novamente a autora descreve em detalhes as peripécias
sexuais da personagem. E que peripécias!
Para finalizar o
assunto “exploração sexual em A Senhora do Jogo” vou contar
quantas transas aconteceram ao longo da trama, cujos mínimos
detalhes foram expostos minuciosamente pela autora. A primeira, onde
Tilly Bagshawe capricha é o encontro entre Robbie e Maureen
uma moça que todos os rapazes cobiçam. Temos ainda o momento em
que um casal descobre que Robbie – ainda na infância - está
praticando alguns jogos sexuais pervertidos com o seu “filhinho”
e por isso resolvem procurar o pai do garoto. Neste trecho do livro,
os tais joguinhos nada salutares são expostos sem cerimônia. E por
aí vai... Como já disse, cada vez que um personagem é
apresentado, ele acaba tendo uma relação sexual com alguém. É
assim também com Gabriel McGregor, Max e Lexi.
Outro ponto
negativo da obra é a falta de carisma dos personagens centrais. Eu,
pelo menos, achei que Lexi e Maxi ficaram devendo muito aos
leitores. Sempre admirei Sidney Sheldon por ser especialista em
criar personagens femininas determinadas e ao mesmo tempo sensuais.
Ocorre que ele era mestre em saber explorar essa sexualidade em seus
personagens sem ser grosseiro. Mais um detalhe exclusivo dos
personagens de Sheldon era a sua ambiguidade: ora bons, ora ruins;
ora anjos, ora demônios. O escritor sabia fazer isso com maestria
sem deixar que as suas heroínas ficassem rotuladas por uma dessas
características, tornando-se assim, muito santinhas ou então,
muito pervertidas. Um exemplo que cabe como uma luva nesse caso é a
heroína de “O Reverso da Medalha”, Kate Blackwell. A
ambiguidade de Kate faz com que o leitor, em algumas páginas, a
ame de paixão, e em outras, a odeie com todas as forças. Imagino
que é isso que faz com que determinado personagem se torne
carismático.
Sinto dizer que
Bagshawe não conseguiu imprimir essa “marca” em Lexi Templetom,
a heroína de “A Senhora do Jogo”. Ela é tudo: egoísta,
vingativa, interesseira, tem olhos somente para o poder e quando
está apaixonada só pensa em ter o objeto de sua paixão, sem
pensar na outra parte, diga-se, a mulher do outro. Nem mesmo a
ingenuidade da personagem e o seu suposto altruísmo servem para
amenizar tantos defeitos. Juro que em alguns momentos da história,
cheguei a torcer por Max.
Spoiler! A forma
como Eve descobre a fraude aplicada por Lexi para voltar ao comando
da Krueger Brent também é muito inverossímil. Eve estava doente,
esclerosada, completamente nas últimas e com a sua sanidade mental
no limite. Portanto, não teria condições de descobrir o golpe de
mestre aplicado por Lexi.
O final do
romance também não me agradou. Achei sem tempero nenhum. A
impressão que tive é que a autora apelou para o típico “final
sem fim” que deixa brecha para uma possível continuação.
Tenho certeza que
aqueles que estavam torcendo por Lexi, simplesmente detestaram o
final da história.
E para não
falarem que eu só encontrei defeitos no livro; achei que Tilly
Bagshawe foi feliz na composição de Robbie. Ao invés de
transformar o talentoso pianista numa figura comum, ela optou por
torná-lo complexo ao máximo. Foi o personagem que mais gostei. Bem
mais do que do que Eve, até, que também ficou devendo nesta
continuação da saga dos Blackwell.
Que saudades de
Sidney Sheldon...
Também concordo em gênero, grau e número com o rapaz. Tem uma cena que eu achei muito sem graça: as pessoas estavam comemorando o 16° aniversário de Lexi e Max. Como Lexi foi abusada quando criança, ela prometeu a si mesma que perderia a virgindade com um carinha que eu não lembro o nome nesta festa. Certa hora, depois que os dois transaram ela saiu correndo para o salão onde acontecia a festa. A música começou a tocar e do nada surgiu Max que a agarrou e começou a dançar com ela enquanto lhe dizia horrores de desaforos. Achei que ia acontecer alguma coisa, mas ficou tudo na mesma.
Admito, durante todo o livro eu torci por Max, achei Lexi muito fútil. Não gostei do fim dele e fiquei triste porque tudo o que aconteceu com ele foi culpa de Eve que, desde pequeno o manipulou, sem ao menos amá-lo como filho. O que é a cena em que Max mata o próprio pai em uma expedição à África (acho eu). O cara simplesmente foi enlouquecendo por causa de mãe e depois teve aquele final horrível.
Outra parte que eu achei que parecia coisa de novela mexicana foi quando Gabriel desapareceu logo depois que a família foi assassinada por uns caras que surgiram do nada... tá, ele passou um bom tempo desaparecido então, e em um belo dia em que Lexi estava conversando com alguém que eu não lembro o nome, o cara surgiu do nada na porta falando como se nada tivesse acontecido. Só faltou ter aquelas cenas em que a plateia aplaude com o personagem principal aparece. Nada a ver com Sidney Sheldon, nada a ver mesmo.
Se puderem, não leiam...
Até a próxima,