Segue a parte quatro do segundo capítulo do Ciclo.
Acordou
deitada em sua cama. Precisou de alguns minutos até conseguir
entender onde estava e o que estava acontecendo. Lentamente,
sentou-se na cama e olhou em volta receosa de que não estivesse
sozinha. Mas estava só, não havia ninguém ali, a não ser ela.
—
Que loucura — murmurou — o que foi aquilo que aconteceu? — Em
seguida retesou-se ao lembrar o motivo pela qual estivera na casa. —
A pasta, eu esqueci de novo a p... — interrompeu a frase quando
olhou para o lado e viu a pasta em cima do criado-mudo. A chave da
casa estava em cima da pasta e havia um envelope.
Kimberly
franziu o cenho e sentou-se melhor na cama, pegou o envelope branco e
o abriu lentamente. Havia uma folha feita de um papel muito delicado,
especial, que Kimberly reconheceu. Na empresa na qual trabalhava,
sabia que aquele papel era muito caro e só era usado pelos clientes
em ocasiões muito solenes. Aproximou o papel do nariz, aspirou o
perfume e se sentiu levemente tonta.
—
Até o papel é perfumado! Que homem é esse — perguntou para o
vazio do quarto.
Havia
algumas frases que, a princípio, ela não conseguiu ler, porque
estavam escritas em alemão, mas depois ela percebeu que ele havia
escrito a tradução logo mais abaixo no papel. E a letra... era uma
letra desenhada, parecida com as letras de séculos atrás quando não
havia tecnologia nenhuma e as pessoas se esmeravam ao escrever o que
quer que fosse, desde um documento oficial a uma simples carta.
“Ich
habe den Ordner für Sie, er ist wichtig. Und auch den Schüssel zum
Haus, so Können sie zurükommen… Herzliche
Grüsse Ulrich.
(Trouxe a pasta para você, porque sei que é muito importante.
Também trouxe a chave da casa para que você possa voltar... Beijos,
Ulrich.)
“Ele
existe mesmo então” — pensou enquanto guardava o papel no
envelope. — “Ele existe e me trouxe em casa...” — terminou o
pensamento e sentiu medo. O homem era um estranho, como sabia onde
ela morava? Kimberly não se lembrava de ter escrito o endereço
residencial em sua agenda. E se ele estivesse se aproximando com
intuito de roubá-la ou de fazer outra coisa? — “Se bem que, se
ele quisesse fazer alguma coisa, já teria feito.” — Concluiu
enquanto deitava-se e tentava dormir, mas sabia que, naquela noite,
não conseguiria mais dormir.
Tentou
não pensar em nada, mas não adiantava, o homem que falava alemão e
se chamava Ulrich não saía de sua cabeça. Por que dera
continuidade à curiosidade da casa? Agora estava envolvida demais
para voltar atrás, enquanto não compreendesse o que realmente
estava acontecendo, não descansaria. Havia muitas coisas para
entender: os sonhos que não eram sonhos e pareciam reais e o fato de
um homem que ela nunca vira na vida existir de verdade.
“E
os olhos,” — pensou enquanto, finalmente, adormecia — “os
olhos verdes iluminados...”
Até semana que vem,