Queridos Leitores,
Cá estou eu para postar um poema que escrevi há muitos anos atrás (papo de vampiro :) ). Eu praticamente compus esse poema de uma vez só.
Confesso que achei lindo o poema, às vezes me surpreendo comigo mesma.
Depois que vocês lerem, se puderem comentar o que acharam. Eu ficaria muito feliz.
Pois estão é isso, deixo aqui o meu Poema Épico.
Poema Épico
A
Guerreira chegou e encontrou
Sua
casa vazia
Sobre
a mesa, um simples
Bilhete
havia
Seu
Amado tinha partido
Em
busca da solidão
Quando
soubera que tinham
A
ela acertado
Uma
flecha no coração
—
Falácia! — bradou com
lágrimas
nos olhos — Falácia
dos
inimigos que a mim
odeiam!
Cansada da batalha que travara
E que há pouco ganhara
A Guerreira sentou-se à mesa
E, pela primeira vez, chorou
Chorou as lágrimas mais tristes
E sinceras de sua forte alma
Sentiu o chão lhe faltar
E na solidão de seu querido lar
Ouviu só o fogo crepitar
As batalhas ganhas, as experiências adquiridas
E as medalhas merecidas
De mais nada valiam
Se àquele a quem ela mais presava
Não mais lá se encontrava
—
Pra onde fostes, amor?
Por
que não me esperaste mais?
—
indagava fitando o fogo
—
Por
que destes ouvidos àqueles que
só nos queriam ver longe um do
outro: acaso não acreditaste em mim
quando te disse que eu poderia demorar
mas, com certeza, iria
voltar?
Um crepitar mais forte chamou
Sua atenção e, para o fogo
Ela fixamente olhou
O rosto terno e querido
De seu eterno Amado
Ela visualizou
E, por entre as chamas
Provocantes do fogo
Ela jurou:
—
Não importa onde
estiveres,
Não
importa com quem estiveres,
irei
até os lugares mais longínquos
para
te buscar. Nadarei pelos mares,
correrei
pelas florestas e voarei com
os
pássaros se for preciso para te encontrar.
Atravessarei
o deserto mais escaldante
e
mergulharei no mar mais gélido, se for
preciso
para te trazer de volta.
Esquecerei
meus mais nobres
princípios
e abandonarei até minha
mais
alta fé, se for preciso para ser amada
por
ti, novamente.
E enxugando as lágrimas
Num gesto rápido e seco
A Guerreira levantou,
Pegou alguns mantimentos
E em uma sacola os guardou
Olhou em redor da sala
E só o silêncio escutou
Com passos ágeis e decididos
Foi até a porta e parou
A espada cravejada de esmeraldas e ametistas
Que descansava da última batalha, ela pegou
Sem olhar para trás, como era seu feitio,
E com esperança renovada
A porta atrás de si fechou
Com o coração acelerado
A busca ao seu Amado começou
Passou por terras áridas e secas
Trilhou por lugares úmidos e sombrios
Lutou contra monstros terríveis
E os venceu com coragem
Em seu caminho solitário
Encontrou muitas maldades
Viu muitas injustiças
E sentiu muita solidão
Aprendeu experiências novas
Aperfeiçoou as técnicas de espada que sabia
E se tornou uma Guerreira mais
Sábia e madura
O tempo — sempre ele — chegou
Os poucos mantimentos que
Que ainda restaram, ele levou
Agora não havia água, nem comida
Só a esperança de um futuro melhor
A noite chegou e, com ela a tristeza
Fraca e com frio
Ao pé de um imponente carvalho
A Guerreira sentou
Passaria a vigésima noite
De mais um mês ali
E desejava, não com tanta esperança agora,
Que fosse a última noite que teria de passar
No limite de suas forças estava
Começando a chegar e já não mais
Sabia se conseguiria suportar
Tanto frio,
Tanto silêncio,
Tanta solidão
Até os guerreiros mais fortes
Têm um coração
Quando o dia varreu
As brumas da noite
E dispersou toda a escuridão
A Guerreira despertou
Com a fraqueza que sentia
Quase mal se levantou
Apoiou-se na grossa casca do
Carvalho, que lhe abrigara durante
A noite e os olhou fechou
Uma lágrima muito tímida
De seu rosto rolou
E quando estava próxima
De tudo abandonar
Uma imagem em sua mente
A fez lembrar
Que ali estava por uma razão maior
Procurava pelo seu Amado
E algo em seu coração castigado
Lhe dizia que não tardaria
Muito logo o encontraria
Ao lembrar do rosto daquele
A quem ela amava muito
Novamente, a esperança surgiu
E, com um tímido sorriso
A Guerreira seguiu
Não precisou andar muito para ouvir
Em algum lugar perto havia
Alguém a soluçar
Aguçando mais os ouvidos
Ela começou a se guiar
Caminhava com certa dificuldade
Pois a fraqueza já a possuía
Lentamente chegou a um lugar
Que a uma clareira parecia
Um homem. Havia um homem
Sentado em uma pedra
Apoiando a cabeça nas mãos
Sua figura transmitia toda
A tristeza que sentia
Os cabelos já crescidos lhe pareceram familiares
E aquele trejeito de passar as mãos pelo rosto
Já lhe eram conhecidos
Quase nem pôde acreditar
Quando, no instante seguinte
Estava o rosto de seu Amado
A beijar
Era ele! Havia o encontrado
Depois de tanto esforço e perseverança
Havia encontrado aquele a quem
Tanto amava!
E ele lhe sorria, como se não acreditasse
Que ela estava ali, com ele
Abraçaram-se, choraram e amaram-se
Durante toda a noite
No dia seguinte amanheceram felizes
Um nos braços do outro
A falácia foi esquecida
Porque ambos sabiam que aquilo
Havia sido obra de pessoas mesquinhas,
Invejosas à felicidade alheia
E, mesmo que ambos tenham sofrido
Por certas ironias do Destino
Sabiam que, a partir daquele dia
Tudo o mais mudaria
Ambos haviam sofrido a mesma dor
Porque ao longo do tempo
Haviam aprendido as lições da Vida
E tinham reencontrado
Todos seus sonhos e anseios
Em um único ser
Daquele momento em diante
Um novo começo surgiria
Todas as desilusões, todas as tristezas
Toda a desesperança seriam levadas
Para longe e nunca mais retornariam
O nascer do sol, que agora os dois
Assistiam radiantes de alegria
Marcava o início de uma nova fase
Cheia de projetos, de ideais, de renovações
E, acima de tudo, de amor
A Guerreira sorria feliz, abraçada em seu Amado
Pois sabia que naquele momento
A paz de espírito havia recuperado
Sua alma, antes incompleta e solitária,
Hoje estava plena de luz
A mais importante batalha
Ela finalmente triunfara
Porque lutara com todas as suas forças
Abrira mão de todas as suas crenças
E partira em busca do amor
E daquele a quem seu coração
Escolhera para o resto de seus dias
Viver em completa sintonia
Um aeon havia cessado
E outro recém havia começado
Em algum lugar do infindável
Universo
Duas estrelas tinham se encontrado
E o brilho ofuscante de suas essências
Finalmente haviam se misturado
A Guerreira, seu eterno amor
Havia encontrado
E seus caminhos que antes tinham se separado
Hoje seguiriam unidos
Porque a Plenitude e o Amor
A Guerreira e o seu Amado
Finalmente tinham encontrado
“ O Amor
é o único sentimento
capaz de
triunfar sobre as mais
implacáveis
ironias do Tempo.”
Michele Irigaray
Até a semana que vem, abraços!!