Segue mais um pouco do Ciclo para vocês.
Cap. 4/ pt. 2
— Querida? — Perguntou um pouco
incerto, como se isso fosse possível.
—
Kimberly — ela respondeu sem erguer a cabeça.
—
Ein perfekt
Name (Um nome perfeito) — ele disse com
uma voz suave. — Como está se sentindo, Kimberly? — perguntou arrastando o “r”.
Ouvir o seu nome sendo pronunciado
por ele lhe pareceu estranho, como se ele estivesse falando com outra pessoa e
não com ela.
Ela continuou com a cabeça baixa por
um tempo, não sabia o que ia dizer a ele. Tantas coisas passavam em sua cabeça
que ela pensou em dizer que aquilo tudo era loucura, fruto de uma alucinação
que ela tivera por ter batido a cabeça com força.
Como ela continuava em silêncio, ele
se aproximou mais e, gentilmente, pegou o queixo dela e o ergueu, fazendo-a
olhar para ele.
— Diga-me que está bem... — ele
sussurrou — não me perdoaria saber que falhei com você...
Ela abriu a boca para responder, mas
ficou sem ação quando o olhou nos olhos. Aquele verde azulado era hipnótico e,
por um momento, ela viu mais do que desejava ver nos olhos dele. Ficou
assustada e começou a ofegar.
Ele não esperou que ela dissesse
alguma coisa, simplesmente sentou-se na cama, puxou-a para si e a beijou. Ela
não teve tempo de afastá-lo. Quando sentiu o toque frio dos lábios dele nos
seus, o sonho, que tivera com ele antes, veio com força à sua mente e ela
sentiu a mesma corrente elétrica passar por seu corpo. Era muito estranho,
porque era como se todos os sonhos que ela tivera, não fossem sonhos e sim,
realidade, pois as sensações que ela sentia, eram exatamente as mesmas que
experimentara nos sonhos. Quando o beijo ficou mais intenso, ela o abraçou como
se quisesse trazê-lo mais para perto e mergulhou as mãos nos cabelos dele,
segurando-os com força. Ele apertou-a mais em seus braços e, quando passou uma
das mãos pelo rosto dela, sentiu-a se contrair e gemer. Imediatamente, ele se
afastou dela e lhe disse como se houvesse feito a pior coisa do mundo:
— Entschuldigung (desculpe), não quis machucar você. — Ele ia dizer
mais alguma coisa quando ela ergueu a mão e ele se calou.
—
Não foi nada, — ela respondeu, tentando normalizar a respiração — só que o meu
rosto está muito sensível.
—
Sou o culpado pelo que lhe aconteceu — ele disse sério. — Eu não deveria ter
deixado você sair da minha casa tão tarde. Se você não tivesse me chamado, eu
não saberia que você corria perigo.
Ela
ergueu as sobrancelhas e perguntou:
—
Chamar você? Quando foi que eu chamei você? — Questionou sem entender nada.
—
Quando você estava em perigo.
Ela
balançou a cabeça negativamente e disse:
—
Eu não chamei você, porque eu estava fugindo
de você — concluiu destacando a palavra fugindo.
Ele
ia dizer alguma coisa, mas calou-se. Ela não sabia o que estava acontecendo e,
se contasse a ela, talvez a deixasse mais confusa do que estava e,
provavelmente, ela iria querer sair correndo dali.
—
É — ele disse tentando sorrir — normalmente eu faço com que as pessoas fujam de
mim.
—
Você é estranho... — murmurou baixinho, para si mesma, pensando que ele não
ouvira o que ela disse.
— Ich weiß, aber eines Tages werden sie verstehen. (Eu sei, mas um dia você vai entender).
—
Bem, — Kimberly disse — talvez fosse interessante se nós começássemos pelo fato
de que eu não entendo absolutamente nada em alemão.
—
Entschuldigung (desculpe), — disse
ele novamente, — vou me controlar mais. Às vezes, esqueço que não estou in Deutschland
(na Alemanha) e começo a falar em alemão sem pensar — disse Ulrich
sorrindo.
Ela
tentou sorrir, mas não conseguiu, havia muitas coisas importantes que ela
precisava perguntar a ele, que não podia deixar para depois. Com calma, ela começou:
—
Bem... acho que, de uma forma ou outra, nós já nos apresentamos e nos
conhecemos. Sendo assim, eu preciso de mais explicações.
Ele
a olhou e concordou com a cabeça. No mínimo, dentro daquilo que pudesse contar,
ele diria a verdade.
—
Eu quero ir para minha casa. Acho que não estou mais tonta e eu quero sair
daqui.
Novamente
ele concordou com ela.
—
Agradeço muito por você ter me salvado daqueles homens, mas confesso que ainda
estou com medo de você.
Quando
ela disse isso, Ulrich arregalou os olhos surpreso, pois não esperava ouvir
algo do tipo.
—
Medo de mim?
—
Sim — respondeu encarando-o. — Eu vi o que você fez com os homens que me
atacaram. Você levantou um como se ele fosse um pedaço de pano e eu vi quando
você o mordeu! — Falou com a voz alterada.
Imediatamente,
Ulrich assumiu uma posição de alerta, com o semblante preocupado, ele respondeu:
—
O que você viu foram golpes de um estilo diferente de autodefesa. Eu não fiz
nada demais, só os impedi de continuar atacando você.
—
Certo Ulrich, vou aceitar isso, embora eu nunca tenha visto algo desse tipo em
se tratando de autodefesa... — disse cruzando os braços, pouco convencida. —
Agora, me explique como foi que você chegou ao meu apartamento antes de mim,
como foi que conseguiu entrar? — Perguntou olhando para frente. Ela não queria
olhar nos olhos deles, temendo desviar o foco da conversa.
—
Assim que eu percebi que você tinha ido embora, eu deixei os homens
desacordados e segui em direção ao seu apartamento. Eu conheço um caminho mais
curto e, quando eu cheguei ao prédio, consegui entrar junto com um morador que
me perguntou aonde eu iria e eu respondi que iria visitar uma amiga no
apartamento 506, que estava esperando por mim.
A
lógica do que ele lhe contara parecia fazer sentido, mas Kimberly ainda achava
que havia mais alguma coisa além do que ele falava. As coisas ainda não estavam
100% encaixadas na história toda.
—
Humm... — ela disse enquanto balançava a cabeça para cima e para baixo e
continuava olhando para frente — certo então. Só me explique uma última coisa:
como você consegue mudar a cor dos seus olhos, porque, por mais que você negue,
eu vi os seus olhos mudarem de cor. Eles ficaram pretos! — Disse sem olhar uma
única vez para ele. Não queria que ele captasse medo em seu rosto.
Ele
abriu a boca para responder e fechou. Por um momento, ela achou que ele não
teria desculpa nenhuma e então começou a ficar contente porque, de alguma
forma, o teria desmascarado e o obrigaria a dizer a verdade.
—
Isso é um problema genético de família. Temos uma glândula em nosso organismo
que causa essa mudança na cor dos olhos. Isso ocorre de acordo com nosso estado
emocional, mas posso lhe assegurar que nunca vez mal a ninguém.
“Incrível!”
— Pensou suspirando. — “Ele sempre tem uma desculpa para tudo!”
Um
breve silêncio caiu sobre os dois e Ulrich o quebrou.
—
Kimberly?
—
Sim — respondeu finalmente olhando para ele.
—
Há muitas coisas que você ainda não entende. De modo algum eu quero enganá-la,
mas existem coisas que, mesmo que eu lhe contasse agora, iria deixar você mais
confusa do que está.
“Eu
detesto isso, mas devo confessar que ele está com a razão” — pensou enquanto
dava a conversa por encerrada. No momento, não interessava se as coisas tinham
lógica ou não, só o que importava era que ela, de uma forma ou de outra, estava
viva e fora do alcance daqueles marginais. O resto seria explicado mais tarde.
Bem mais tarde.
—
Eu quero ir para casa — disse novamente quebrando o silêncio. — Que horas são?
—
Nove horas da noite — respondeu ele com convicção.
—
O fato de você saber as horas sem consultar um relógio também é genético? —
Perguntou sorrindo, tentando deixar o clima menos tenso entre eles.
—
Nein (não) — ele respondeu sorrindo
também — acontece que eu vi as horas no relógio da parede, que está do outro
lado e você não pode ver porque a cortina está bloqueando sua visão.
—
Ah sim... — ela concordou olhando para a cortina branca de algodão.
Por
um momento, ninguém falou nada. Algo passou pela cabeça de Kimberly e ela fez
menção de perguntar, mas em seguida ficou em dúvida se perguntava, porque
achava que era um assunto muito íntimo para falar naquele momento. Então,
tentou pensar em outra coisa.
—
Quer dizer que são nove horas da noite de sábado... puxa, eu dormi um bocado.
—
Sim — concordou Ulrich levantando-se da cama. — Quando você desmaiou no seu
apartamento, a primeira coisa que fiz foi trazer você para cá, pois sabia que
aqui você seria bem cuidada. Bater com a cabeça é muito perigoso.
—
Você viu quando eu bati com a cabeça? — Perguntou ajeitando-se melhor na cama.
—
Ver, eu não vi, porque eu estava ensinando àqueles bandidos uma lição, mas eu
ouvi quando você caiu e bateu com a cabeça.
Kimberly
desviou o olhar dele, colocou a mão na boca para esconder o início de um
sorriso que acabou se transformando em uma gargalhada. De repente, ela não
conseguia mais parar de rir.
—
Was ist los (o que está acontecendo?) —
Indagou sem entender o motivo da graça.
—
Você — tentava falar entre uma crise e outra de riso. — Você disse que... — e
ria mais ainda — que conseguiu ouvir — Kimberly dobrava-se na cama de tanto rir
e de repente, estava chorando.
—
Was (o quê?) — perguntava sem
entender nada.
Kimberly
teve mais um acesso de riso e, quando finalmente conseguiu se controlar um
pouco, disse a ele enquanto limpava as lágrimas do rosto.
—
Você disse que conseguiu ouvir quando eu bati com a cabeça no chão —
explicou reforçando a palavra ouvir.
O
silêncio respondeu por ele.
No
instante seguinte, o semblante de Kimberly estava extremamente sério. Não havia
mais graça na situação.
—
Acontece — disse ela muito séria, olhando para ele — que você estava há alguns
bons metros de distância de onde eu estava e era praticamente impossível ouvir
qualquer coisa. Ninguém normal conseguiria ouvir, assim como ninguém normal
faria o que você fez! — Terminou de dizer isso e se virou, levantando-se da cama.
— Chega disso. Eu vou embora daqui!
Por essa semana era isso. Lembrem-se de comentar, é importante!
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